EUROPA (II)

        Entre os continentes, a Europa é uma anomalia. Maior apenas do que a Oceania, é um pequeno apêndice da Eurásia. No entanto, a extremidade peninsular e insular do continente, lançando-se para o Atlântico Norte, garante – graças à sua latitude e geografia física – um habitat relativamente adequado para o ser humano, o que o longo processo da história veio marcar de forma indelével a região como o lar de uma civilização ímpar. Apesar da sua diversidade interna, a Europa tem funcionado, desde o tempo em que emergiu na consciência humana, como um mundo à parte, concentrando no seu pequeno seio uma riqueza extraordinária em diferentes planos.



        Atenas: Acrópole, Grécia

 

Como uma construção conceptual, a Europa, como os gregos antigos mais eruditos a conceberam, contrastava fortemente com a Ásia e a Líbia, o nome então aplicado à conhecida parte norte da África. Literalmente, acredita-se agora que Europa significava “continente”, em vez da interpretação anterior, “pôr do sol”. Parece ter se sugerido aos gregos, na sua aventura marítima, como sendo uma designação apropriada para as extensas terras setentrionais (que se estendiam para norte), terras estas com características vagamente conhecidas, mas claramente diferentes daquelas inerentes aos conceitos de Ásia e Líbia – ambas as quais, relativamente prósperas e civilizadas e que estavam intimamente associadas à cultura dos gregos e seus antecessores.


Da perspetiva grega, então, a Europa era culturalmente atrasada e escassamente povoada. Era um mundo bárbaro – isto é, não grego, com seus habitantes fazendo sons de “bar-bar” em línguas ininteligíveis (incompreensíveis). Comerciantes e viajantes também relataram que a Europa além da Grécia possuía unidades físicas distintas, com sistemas montanhosos e bacias fluviais de planície muito maiores do que aquelas que eram familiares aos habitantes da região do Mediterrâneo. Ficou claro também que uma sucessão de climas, marcadamente diferentes dos das fronteiras mediterrâneas, seria experimentada à medida que a Europa fosse penetrada pelo sul. As espaçosas estepes orientais e, a oeste e norte, florestas primitivas, ainda marginalmente tocadas pela ocupação humana, sublinharam ainda mais os contrastes ambientais.

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