Páginas da Resistência pela Arte (VIII)

 

Maria Helena Vieira da Silva mergulha a sua obra numa poesia de cores e formas, criando composições abstratas únicas. Maria Helena viveu entre duas nacionalidades, a portuguesa por nascimento, a francesa por adoção. É uma artista plástica que granjeou de enorme projeção e reconhecimento internacional, figurando nas principais coleções de museus e galerias, públicos ou privados, da Europa aos Estados Unidos, contribuindo desta maneira para a abertura das portas à arte feminina portuguesa no exterior.

Maria Helena nasceu a 13 de junho de 1908, em Lisboa, ainda no tempo da monarquia, no seio de uma família culta. O seu gosto pela arte evidenciou-se bastante cedo. Aos cinco anos “enche cadernos com desenhos”, e aos onze pinta a óleo.

A família apoia-a e incentiva o desenvolvimento dos seus dotes artísticos. Na adolescência tem lições de pintura, desenho e escultura. Porém, aos 20 anos, a sua “Lisboa Azul” já não lhe chega, quer aprender mais. Parte então para Paris, à época, a grande capital das artes onde as novas correntes fervilham.

Vai frequentar aulas com professores ilustres. Estes contactos são importantes, pois acaba por entrar em meios artísticos onde se abordam as correntes mais recentes. É assim que se explica a sua identificação com os movimentos abstracionista e surrealista. Em 1933 faz a sua primeira exposição individual. Em Portugal é uma figura desconhecida. Aliás, a sua relação com Portugal vai tornar-se cada vez mais difícil em virtude do seu casamento com Arpad, um comunista húngaro, e, por essa razão, um inimigo do regime.

Durante a ocupação nazi da França (1940-1944), o casal escapa às perseguições e refugia-se no Brasil, para mais tarde regressar, novamente a França. É neste momento que recebe a nacionalidade francesa.

Maria Helena é uma artista do mundo, reconhecida internacionalmente. Portugal continua à margem deste conhecimento e reconhecimento. 

O reencontro com Portugal só será feito com o 25 de abril de 1974, como sucedeu com muitas outras personalidades da cultura portuguesa que se exilaram durante os anos da ditadura.

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