Vasco da Gama, Almirante-Mor dos Mares da Índia, Conde da Vidigueira e Vice-Rei da Índia

 


Vasco da Gama foi um comandante militar português que ficou conhecido por ter comandado a expedição portuguesa à Índia.

Nasceu em Sines, costa alentejana, no ano de 1469, filho ilegítimo de Estêvão da Gama, navegador português do século XV.

No final do século XV, a Europa encontrava-se numa encruzilhada. Era cada vez mais difícil aceder ao rico comércio das especiarias do Oriente. Na sua maioria, estavam nas mãos de mercadores muçulmanos, que geriam a sua distribuição nos termos que entendiam. Mesmo as muito poderosas repúblicas italianas - Veneza e Génova -, que durante décadas conseguiam aceder em condições vantajosas as esses produtos, viam neste momento a sua ação dificultada e mesmo comprometida.

Portugal, desde o início do último quartel do século XV, procurava a passagem do oceano Atlântico para o oceano Índico. No início da década de 80 D. João II enviará Diogo Cão em busca desta passagem. Sem sucesso. O feito estaria reservado para Bartolomeu Dias que, em 1488, encontrou essa passagem no Cabo da Boa Esperança. 

Estava aberto o caminho marítimo para o Oriente. Mas era preciso convencer as pessoas. Já não calhou a D. João II, mas sim ao seu cunhado que o sucedeu no trono, D.Manuel I, a decisão de preparar a armada que estabeleceria esse primeiro contacto entre o Ocidente, Lisboa, e o Oriente, Índia, por via marítima.

A Viagem de Ida

No dia 8 de julho de 1497 os portugueses iniciam a grande expedição. De Lisboa zarpavam quatro embarcações: 

- a nau “São Gabriel” comandada por Vasco da Gama;

- a nau “São Rafael” comandada por Paulo da Gama, irmão de Vasco;

- a caravela “Berrio” entregue a Nicolau Coelho;

- e uma quarta embarcação, uma barca, carregada de víveres e munições, comandada por Gonçalo Nunes, e destruída por altura do Cabo da Boa Esperança.



"São Gabriel", "São Rafael" e "Bérrio" c. de 1558. Ilustração do "Roteiro da viagem" de Álvaro Velho.

A expedição contava ao todo com 160 tripulantes. Tinha, então, Vasco da Gama 28 anos. Um homem experiente, para os costumes da época.

A frota enfrentou intensa calmaria até às Canárias, arquipélago de Castela, por onde passou a 15 de julho. Após 26 dias de viagem, Vasco da Gama atinge as ilhas do Cabo Verde e por ali permanecerá durante quase um mês.

Com o propósito de evitar as correntes contrárias do Golfo da Guiné, Vasco da Gama define uma rota circular pelo Atlântico Sul, até atingir a baía de Santa Helena no dia 7 de novembro.

Neste tempo as viagens aguardavam pelo vento de feição. Após alguns dias à espera de bons ventos, Vasco da Gama e companheiros dobraram o cabo da Boa Esperança e chegaram à foz do rio dos Bons Sinais, no Zambeze, a 25 de janeiro de 1498, onde fincaram um marco (uma pedra trabalhada onde se inscreviam as armas do rei de Portugal e a data da chegada dos portuguesas).

A expedição prosseguiria pelo oceano Índico e aportou na Ilha de Moçambique a 2 de março. Após várias aportagens em outros pontos da costa africana no Índico, a armada chegaria a Calecute, na Índia, no dia 20 de maio de 1498.

Desde cedo que os muçulmanos seguiam as movimentações da armada de Vasco da Gama. Temiam alterações no controlo do comércio das especiarias (designação ocidental para mercadorias raras e caras). Por essa razão prepararam uma ação naval para deter Vasco da Gama e os companheiros, mas as suas intenções saíram frustradas.

Vasco da Gama, depois de ter bombardeado a cidade indiana, que por ação dos muçulmanos se recusava a receber os portugueses, acabou por desembarcar no dia 22 de maio e entregou ao samorim (uma espécie de rei indiano), soberano do Malabar, uma carta do rei D.Manuel, na qual pedia autorização para fazer comércio na Índia.

Abria-se assim a porta do Oriente ao comércio português. Quem não ficou contente, foram os muçulmanos e os venezianos, seus parceiros, que exploravam as rotas concorrentes: a do Golfo Pérsico e a do Mar Vermelho.

A viagem de volta

No dia 29 de agosto, firmados os acordos com o samorim, Vasco da Gama decide regressar ao reino com as embarcações repletas de especiarias: pimenta, noz moscada, açafrão, cravinho, sedas e pedras preciosas.

Mas ao largo, são atacados pelos muçulmanos, que causam estragos nas embarcações e ferem gravemente Paulo da Gama.

No Índico, as tripulações são confrontadas com um problema mais grave ainda - o escorbuto - doença causada pela ingestão de alimentos estragados e pela falta de vitamina C - vitima os membros da expedição, que fica reduzida a 35 homens. Uma das naus, por falta de gente para a manobrar - a São Rafael - é queimada por ordem do almirante.

Já em março de 1499, atingem o Cabo da Boa Esperança. Em Cabo Verde, Vasco da Gama ordena a Nicolau Coelho para rumar a Lisboa, onde na Berrio chega ao Tejo em Julho. a São Gabriel chegará em Agosto. Em Cabo Verde, Vasco da Gama, com o irmão gravemente doente embarca rumo aos açores, onde, este acará por falecer. Vasco da Gama só chegará ao Tejo em setembro, onde foi recebido em triunfo. 

Em 1502 recebe de D.Manuel o título de Almirante-mor dos Mares da Índia.

Após o regresso

Vasco da Gama após a viagem à Índia, vai viver para Évora. E em  função da sua experiência, vai, durante alguns anos vai aconselhar D.Manuel  em questões relacionadas com o mar e a guerra.

Em 1502, vai regressar à Índia, comandando uma armada de vinte embarcações e um pequeno exército fortemente armado. Esta expedição foi responsável para durante vários anos impor o poder português no Oriente.

Regressado a Portugal é agraciado com o título de nobreza - Conde da Vidigueira.

Mas em 1524, é de novo chamado para fazer uma nova viagem à Índia, desta feita a pedido do rei D.João III, para controlar os estragos causados pela governação desastrosa de D.Duarte de Menezes. Uma vez lá chegado, controlou as revoltas indianas e muçulmanas e impôs novamente o poder português em Calecute. Celebrou um tratado favorável com as autoridades indianas com Cochim, outra região rica na costa do Malabar. Por estes atos recebeu o título de Vice-Rei da Índia. 

Viria a falecer no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, do ano 1524, em Cochim.

O seu corpo foi sepultado na Igreja de São Francisco de Cochim e lá permaneceu até 1539, quando os seus restos mortais regressaram a Portugal para serem depositados na Vidigueira (Alentejo), na igreja do conventos dos carmelitas. Em 1880, aquando do centenário de Luís Vaz Camões (que nascera no ano da morte do Almirante-Mor), poeta que imortalizou Vasco da Gama no seu poema épico Os Lusíadas, foi trasladado para os Jerónimos, em Lisboa, onde se encontra até aos dias de hoje. 


Túmulo de Vasco da Gama, Jerónimos, Lisboa.


Armas dos Gamas


Assinatura de Vasco da Gama

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