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AEROS. O satélite 100% português que nos vai dar a conhecer melhor o nosso mar


(Fonte: RTP)

Portugal volta a marcar presença no espaço, mas desta vez com engenharia e tecnologia informática totalmente elaborada no país. O MH-1, batizado de AEROS, este satélite pioneiro na nossa indústria espacial e único neste segmento, vai ser colocado em órbita terrestre para estudar em exclusivo o mar e as espécies da 5.ª maior plataforma geológica do planeta: a portuguesa.

Apesar da sua aparência, este novo e pequeno satélite, que hoje é lançado pela SpaceX, apresenta-se "gigante" nas funcionalidades a que se propõe, afirmam os construtores desta engenharia espacial.
Temos uma das maiores plataformas geológicas do mundo

Quando falamos em Portugal, tomamos por natureza o espaço onde vivemos e habitamos. Mas na realidade só a área de gestão económica exclusiva portuguesa (ZEE) é 14,9 vezes o território de Portugal Continental.

De acordo com a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, a plataforma continental geológica portuguesa, que diz respeito à porção do leito e subsolo das áreas submarinas, que inclui a Zona Económica Exclusiva, coloca o nosso território entre os cinco maiores do mundo.

Uma vasta região com vastos recursos marinhos e geológicos que têm de ser geridos e controlados. Essa gestão está atualmente dependente de muitos serviços fornecidos por entidades externas e sistemas de analise espacial e detecção remota.

 

Um conjunto de bons motivos que faz deste novo satélite uma peça fundamental na recolha de dados com vista à gestão territorial, marítima e das espécies naturais presentes neste vasto espaço que também é Portugal.

Projeto Constelação AEROS
Portugal e os portugueses estiveram desde sempre ligados ao mar, um recurso único, revelando-se estratégico no desenvolvimento humano, quer nas ligações entre continentes, quer na questão da sustentabilidade económica e alimentar.

Com um papel proeminente no ecossistema da Terra, estes espaços aquáticos, que cobrem 2/3 do planeta, contêm milhões de plantas e animais, influenciam o clima global e produzem cerca de 70 por cento do oxigénio que respiramos, sendo assim essenciais para o desenvolvimento tecnológico, científico, económico e social, permitindo a exploração e o comércio há centenas de anos.

À medida que Portugal começa a assumir uma posição mais forte na capacidade aeroespacial, com parcerias firmes em várias agências ligadas ao espaço e tecnologias de comunicação e navegação, começaram a surgir oportunidades para várias empresas nacionais vocacionadas para estas áreas.

Aproveitando sinergias e conhecimento cientifico, 12 entidade nacionais, entre empresas, institutos de investigação e universidades, uniram-se dando origem a um consórcio, com o objetivo de criar uma ferramenta lusa para prospectar, monitorizar e valorizar os Oceanos de forma sustentável, alinhada tanto com a agenda de investigação "Interações Atlânticas" como com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

O projeto Constelação AEROS pretende desta forma desenvolver uma plataforma de nanosatélites, precursora de uma futura constelação para aproveitar as sinergias científicas e económicas Espaço/Oceano.
O satélite luso vai operar numa órbita baixa, mas acima da Estação Espacial Internacional, a 510 km da superficie terrestre

Gerido a partir de Portugal, o programa AEROS é um sistema integrado de ativos e capacidades, equipadas com sensores e tecnologias de ponta, numa rede tecnológica, com apoio direto da base de rastreio de satélites na ilha de Santa Maria, nos Açores, ligada a uma rede de comunicação e sistema de recolha, processamento e disseminação de dados, para fins científicos, de controlo de vida animal e gestão territorial.

Uma parceria que procura agora, à semelhança dos antigos marinheiros lusos, “navegar por mares nunca antes navegados”, com o intuito de conhecer mais as riquezas de um vasto e ainda desconhecido oceano, que importa preservar.

Uma forte razão que deu origem ao projeto AEROS.
Satélite luso para navegar por mares português
“É pequeno, mas muito funcional”, descrevem sumariamente os criadores do AEROS, o primeiro satélite totalmente português.

Pouco maior que uma caixa de cartão, em que se pode enviar uma boa garrafa de vinho no Natal, o AEROS apresenta-se com o tamanho de três CubeSats - 30 centímetros de altura por 10 de largura e profundidade - mas recheado de boa tecnologia feita por mãos portuguesas.

Este “elegante” conjunto, de apenas 4,5 quilos, nasceu da colaboração de 12 entidades nacionais, condensadas num produto final coordenado pela CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento, em Matosinhos, Porto, que tratou das componentes de hardware, e pela Thales Edisoft Portugal, em Paço de Arcos, Lisboa, na orgânica de software e programação.


Um trabalho conjunto que começou em 2019 e que se apresentou como um verdadeiro desafio para o coordenador tecnológico da CEiiA, Rui Miguel Magalhães.

“Foi, em boa verdade, colocarmos em cima da mesa um objetivo de desenvolver, fazer o design, a engenharia, a integração, a definição de toda a logística e acompanhamento, toda a logística de lançamento, tudo numa parceria verdadeiramente nacional.”

Um processo de aprendizagem para todas as equipas envolvidas e que foi ao encontro do que estava na estratégia de desenvolvimento do CEiiA: o espaço. 

“Obviamente, a construção desta capacidade de engenharia permite-nos, de facto, abordar outros mercados, nomeadamente estes do espaço. E portanto, foi uma evolução quase que natural, percebendo o papel da dimensão do espaço naquilo que é a nossa atividade do seio enquanto sustentabilidade a sustentabilidade, aquilo que fazemos em torno dos desafios da sustentabilidade, das alterações climáticas e, portanto, das cidades e, portanto, o espaço é uma dimensão que é um complemento a tudo isto que fazemos aqui na Terra.
Mas “dar corpo e vida” a este satélite, não estava apenas nas mãos do “hardbuilders” da CEiiA. Era preciso dar-lhe “alma informática” e isso competia à equipa da Thales Edisoft Portugal.

“Definimos com detalhe exatamente o que queríamos fazer e como é que lá íamos chegar”, explicou a RTP, José Freitas, diretor Aeroespacial e Segurança da Thales Edisoft.

“Desenvolvemos uma série de tecnologias, desde payloads, software, o próprio satélite, o desenho de toda a arquitetura do sistema, de resto de suporte. E ao longo deste tempo fomos desenvolvendo, ultrapassando ‘n’ obstáculos que só foi possível com o espírito de equipa e entreajuda e também de excelência, até chegarmos a um momento como este, em que temos um satélite integrado, testado e pronto para lançar e com toda a infraestrutura e meios de suporte à sua operação, já pronta à espera para dar suporte ao satélite que mal esteja em órbita.”
Principais objetivos do Projeto AEROS:

• Desenvolver e lançar em órbita um novo nanosatélite como precursor de uma futura constelação de monitorização oceânica.
• Desenvolver um sistema de imagem espectral miniaturizado e eficiente para previsão de frentes oceânicas e localização da fauna marinha.
• Desenvolver módulos de comunicações definidos por software flexíveis para suportar a conectividade e operações em rede com veículos autónomos e tecnologia de marcação biológica (por exemplo, para mantas e tubarões).
• Desenvolver um Centro de Análise de Dados para receber, armazenar, processar e analisar dados adquiridos pela carga útil a bordo do satélite e dos ativos em terra ligados ao sistema.
• Usar metodologias de Big Data, incluindo algoritmos de Inteligência Artificial para classificação de dados e previsão da evolução oceânica.
• Avançar no conhecimento científico e no desenvolvimento.
Com esta visão este grupo de trabalho visa envolver diversos stakeholders, incluindo o público em geral, órgãos de comunicação social, agências governamentais e a comunidade aeroespacial, destacando os avanços tecnológicos e a importância da presença de Portugal na exploração espacial.

AEROS. Um satélite português, “diferente e único”

Após 30 anos, Portugal regressa ao Espaço pelas mãos da CEiiA e da Thales Edisoft Portugal. De nome AEROS este é o primeiro satélite totalmente desenvolvido, construído e operado a partir de Portugal.

Uma pequena torre composta de três CubsSat, mas que se apresenta com tecnologia de ponta e com capacidade de recolha extremamente útil, quer para a comunidade cientifica, quer para a sociedade em geral.

Mas fomos até à Thales Edisoft para falar com Hélder Silva, dhefe de projetos Aerospaciais, para saber mais sobre ao pormenor como funciona o novo satélite luso.

Como é que funciona? Responde-nos. “Portanto, o AEROS é um-três-um. É o que nós costumamos chamar na gíria de linguagem do espaço. (…) São três cubos de dez centímetros.

E o que nós temos aqui. Em termos de payload, temos a Câmara Espectral, que é uma câmara que tira 140 imagens ao mesmo tempo e leva 20 segundos, na banda toda do visível.

Temos uma câmara de RGB, uma [câmara] normal, que basicamente é mais ampla na imagem e possibilita-nos posicionar a imagem da câmara espectral na terra. Porque isto é para usar para tirar fotos do oceano. (…) Depois tem um software defined radio, que é basicamente para receber a informação das etiquetas nos tubarões e nas mantas.

E depois temos a panóplia toda que auxilia os nossos payloads: as antenas da banda S e os painéis solares deployable (destacáveis), que servem para alimentar o satélite, o ADCS, um módulo que consegue definir a altitude do satélite e as baterias. Basicamente é isso."

A integração final do satélite AEROS foi concluída em Berlim, pronto para ser enviado para a SpaceX para lançamento.

José Freitas afirma-se confiante no sucesso desta missão e diz que tudo o que competia aos engenheiros portugueses foi feito, mas alerta que deste o êxito desta longa caminhada já nada está nas mãos portuguesas.

“Eu estou em crer que tudo irá correr também bem. Temos mais uma vez todos os testes passados e só nos resta agora esperar o momento em que nos coloquem o satélite lá em cima e que ele esteja a emitir.”

Isto porque o AEROS já está a bordo do Falcon 9, e se tudo correr como o previsto será lançado do complexo 4, em Cabo Canaveral, esta segunda-feira, dia 4, às 21h04, hora de Lisboa.


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